Novos Tempos de FEBEAPÁ
- por CorujaJF
Quem viveu, leu ou tem interesse pela nação, certamente deve ter ouvido falar do FEBEAPÁ. Havia um mestre cronista da realidade nacional e que ficou evidenciado, por genialidade e citações, numa época em que o Brasil já produzia besteiras que assolavam o país. Seu nome era Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), seu famoso pseudônimo. Um escritor, cronista, jornalista e radialista brasileiro que nos fazia sorrir da nossa ingenuidade e também com o descaramento de muitos políticos, com seus inúmeros disparates. Stanislaw Ponte Preta colecionava as besteiras e assim alertava, com bom humor, aos brasileiros sobre a ignorância velada...
Quem viveu, leu ou tem interesse pela nação, certamente deve ter ouvido falar do FEBEAPÁ. Havia um mestre cronista da realidade nacional e que ficou evidenciado, por genialidade e citações, numa época em que o Brasil já produzia besteiras que assolavam o país. Seu nome era Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), seu famoso pseudônimo. Um escritor, cronista, jornalista e radialista brasileiro que nos fazia sorrir da nossa ingenuidade e também com o descaramento de muitos políticos, com seus inúmeros disparates. Stanislaw Ponte Preta colecionava as besteiras e assim alertava, com bom humor, aos brasileiros sobre a ignorância velada.
Vamos reviver algumas pérolas!
“Foi então que estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica Electra, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão, mas já falecido em 406 A.C..”
“E quando a gente pensava que tinha diminuído o número de deputados cocorocas, aparecia o parlamentar Tufic Nassif com um projeto instituindo a escritura pública para venda de automóveis. Na ocasião, enviamos os nossos sinceros parabéns ao esclarecido deputado, com a sugestão de que aproveitasse o embalo e instituísse também um projeto sugerindo a lei do inquilinato para aluguel de táxis.”
“Repetia-se em Porto Alegre episódio semelhante ao ocorrido com Sófocles, em São Paulo. O Coronel Bermudes, secretário da insegurança pública, acusava todo o elenco do Teatro Leopoldina de debochado e exigia a presença dos atores e do autor da peça em seu gabinete. Depois ficou muito decepcionado, porque Georgers Feydeau – o autor – desobedeceu sua ordem por motivo de força maior, isto é, faleceu em Paris, em 1921.”
“O mal do Brasil é ter sido descoberto por estrangeiros” (Deputado Índio do Brasil, Assembleia do Rio)”.
Estes trechos são retratos do Brasil da década de 50 e 60, do século XX, no milênio passado, mas hoje, a coisa parece que piorou muito porque há lixo, lamas, pocilgas, chiqueiros e quadrilhas bem reveladas nos laboratórios da Polícia sobre uma boa parte da classe dirigente e política da nação. Há muito sobre pessoas que se comportaram muito mal nas duas décadas passadas, principalmente e o que defendem e o que falam para se defenderem.
Atualmente, bem que alguém poderia editar o FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País), bastando que colecionasse algumas coisas ditas por vereadores de algumas cidades e por alguns outros políticos de Brasília.
Vereadores que citam Dom João VI, como Dom João vi (viu o quê?) , outros querendo acabar com a lei da gravidade para evitar desmoronamentos e muitos deputados estaduais e federais defendendo o indefensável, criando projetos de despesas e cargos , sem serviços adequados e sem receita, mas com custos elevados e elevadíssimos para o lucro de algum amigo empresário que venderá para aquele determinado, recém criado setor burocrático que também se lambuzará com os agrados de sempre , naquele mundinho seleto dos estáveis funcionários públicos que precisariam complementar a renda.
Criar lei em que ensino superior vire competição. Só os primeiros colocados passam. Os outros bombam mesmo se tirarem média; criar cargo de deputado federal ultramarino – parlamentar que atue fora do Brasil, em países com mais de 100 mil brasileiros residentes; criar lei que obrigue a publicar os nomes dos vencedores de loterias com prêmios superiores a 2 mil salários mínimos; quer que os ventos sejam patrimônio da União, para o Estado receber royalties a partir da geração de energia eólica. E muito mais.
Não é somente isto que compõe o FEBEABÁ, mas um rol de atitudes infames perpetradas por famigerados que são vistos como elegíveis e representantes do sentimento mais liberto e solidário, mas sem qualquer base histórica e moral, usando tudo de mal que ocorrera no mundo para justificar a ladainha do discurso, em proveito próprio e dos seus anseios, por retóricas frequentes e exaustivas, sem dialética científica e usando a inversão como sendo a única lógica plausível. Tais representantes libertinos e demagogos passam a ser os camelôs que vendem tudo barato para o povo e em qualquer esquina; os melhores amigos dos miseráveis que se vendem por pequenas ou quaisquer ambições. Os engolidores de besteiras se sentem, enfim, consumidores do que há de melhor na avaliação de suas pequenezas morais.
Vivendo num mundo de lógicas invertidas e produzidas com propósito escusos e encobertos, as besteiras passariam a ser palatáveis quando da proibição se vai para o neutro até ao permitido por lei e os engolidores de besteiras passam a aplaudir crianças e cachorros em cenas de sexo com adultos, porque quem não aplaudir poderá ser chamado de careta ou coisa pior, inclusive desenturmado daquela falange da droga ou da porra-louquice, daquela galera que seria a antenada sobre tudo. Artesanais? Não. Profusão de artes anais. Nada disto seria proibido, pois seria arte. Para adultos, né? Não. Para crianças mesmo.
O pior é ainda permitir que o crime aconteça com crianças presentes, pois adentram aos locais obscenos, sobretudo não se podendo culpar pais que os permitem nos locais e que, por outro lado, não podem opinar ou fazer qualquer juízo de valor sobre os currículos escolares permissivos e prejudiciais à infância.
Uma verdadeira revolução gutural, sim dos guturais gemedores ...
A resistência contra tais males é forte, lenta e silenciosa, seja porque não há vozes de representantes suficientes e autoridades ou porque os demandantes guturais são libertinos e patrulhadores, bem rotuladores, impondo sua ideologia como os ditadores que sempre admiraram. Aliás, a ditadura não difere daquele demandante de coração libertino, porque tudo seria questão de imposição de aceitação do que não se aceita!
Concluindo, um país que não tem consciência sobre a sua História verdadeira, com todas as sortes e reveses, que acredita em qualquer besteira dita por qualquer diplomado (por tubos ocos cilíndricos carimbados) provindo de qualquer prédio que se denominou de escola ou de universidade, não está pronto para abandonar o FEBEAPÁ. A profusão de besteiras ditas e acreditadas, coloca o país num nível que o autoriza a ter festivais sobre o tema, durante mais uns trinta anos, apesar de estar mudando devagar, há transição profunda. O país mudou e está mudando, nesses quase 50 anos de morte do grande Sérgio Porto, mas haverá muito o que mudar e resgatar e, assim, mais um meio século adiante de avanços. Tomara e oxalá! Antes, porém, disto, haverá muito FEBEAPÁ para se ler e ouvir, porque político sem qualquer boa formação e, principalmente, sem Educação, acha que a sua seria o modelo para se instituir e conta com a ignorância e com a pequeneza popular que valoriza o que não presta. Um dia a corda estoura e nenhum deles será reconduzido a Brasília ou outros locais de palácios e terão que se conformar em chafurdar em chiqueiros menos opulentos.
Abraços do CORUJAJF
Juiz de Fora, 19 de outubro de 2017
JOÃO CARLOS DE SOUZA LIMA FIGUEIREDO