RASO E PROFUNDO
- por CorujaJF
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em Poesia
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No fundo dos seus olhos rasos d'água
Lá no fundo negro daquela esperança
Brota líquida lágrima que nos alcança
Libertando-nos do rancor e da mágoa
Liberta-nos , ainda que tardiamente
Desde a Colônia , toda aquela memória
De como começamos a nossa História
E o mundo gira, parados aqui ardidamente
Nosso debate é profundo sobre a porcaria
Assim rasas são as nossas mentes e almas
Infames hipócritas que gritam moral em toda via
Isto tudo pelo poder , defronte as gentes calmas
São os eleitos destas gentes para fazerem tudo
Aquilo que seria da feitura de cada um de nós
E usamos o patrimônio público como punhados de pós
E ficamos atônitos com o profundo vão , em luto
A gente sofrida não é a que passa necessidade
É toda gente que gostaria de ser da nação
E é impelida a ser abocanhada por um leão
Faminto leão sem receita para tanta despesa e vaidade
O empresário combalido que desistiu por insistência
De ser cobrado e tanto que não sobra para viver
Não sobra para empregar a gente sem vivência
Larga tudo para ser empregado e sobreviver
Concursados engrossam a monstruosa máquina
Máquina ultrapassada que não funciona e estraga
Toda a dinâmica carcomida que não serve nem com mágica
O mínimo não é feito , porque se concentram na praga
Praga da utopia insana que alimenta o bicho faminto
Faminto por poder , por dinheiro para mais poder
Sem dever realizado, legalizando todo o instinto
Abandonando o espírito , se entregando a carne até feder
Não há debate profundo , somente a retórica
Há o raso sobre o fundo , sem fundo não há o raso
Má dialética serve para convencimento do mais parvo
Ensinado por aquele que ouviu falar, sem tradição histórica
Monarquia parlamentarista com poder moderador
República privatizadora da coisa pública que não é
Republicanos parlamentaristas que impõem também a dor
E sobra a conclusão que a falta de caráter destrói a fé
Enquanto equivocados extremistas digladiam nas sacadas
Com bandeiras para eleger outros e novos insanos
Novos tentados pelas tentações mal vigiadas e oradas
Os incautos batem palmas e vaiam com todos os panos
Em todo caso, há o belo e olhado passado lá no futuro
Em todo caso, há como repelir os velhos e feios passados
Em todo caso, há o caminho de virtude no meio, como furo
Antes que as casuísticas deixem-nos queimados, fritos e assados
Há esperança de viver no invivível , sem temer
Este velho Homem que se entrega a viver tudo, sem dizer
Que parece saber tudo sobre um breve fim do mundo
E prefere falar sobre o raso do que sobre o fundo
ABRAÇOS DO CORUJAJF
João Carlos de Souza Lima Figueiredo