Diálogos com os Mestres

Mestres. Mestres e mestres...  Felizes aqueles que os tiveram em casa , nos quintais, nas marcenarias e garagens, nas salas e cafés, com avós, avôs, pais e mães. Agraciados foram aqueles que ouviram a vida pelas palavras proferidas em palestras curtas , nos trabalhos, naqueles bolos com cafezinho,  de como plantar e quando não plantar,  se era para molhar ou não. Aqueles que iniciavam as aulas perguntando e as acabavam ensinando e retirando arestas. Diálogos e diálogos.

Havia um diálogo tímido entre o discípulo e o Mestre , do qual se depreendia aprendizado , com leitura e redação, impressões sobre os livros que lera e aquela velha Matemática com rabiscos de lápis até acertar o cálculo nos treinos , nos exercícios e provas de acertos e erros. Filosofava-se sobre tudo e não sobre desejos apenas, não somente sobre ansiedades e infelicidades, porque havia pouco espaço para viver tristeza quando se convivia com tais seres iluminados.

Os colegas aprendiam por tabela , os meus e os deles. Aprendíamos todos com todos, porque os parâmetros existiam. 

O tempo da felicidade existia porque havia uma explicação razoável para tudo , até para o o desconhecido; a busca da verdade era uma ótima explicação. A religião era um encontro com Deus e não com discussões ou guerras entre irmãos. O mundano era para os politiqueiros e usurpadores, não para as famílias trabalhadoras e felizes. 

Diálogos com livros . Os livros dialogavam com estes corações e cérebros, porque não havia compromisso com uma só mentira , com uma só ladainha, mas apenas com a busca da verdade. A verdade sempre é dolorosa e bem atroz com a ignorância. Alguns riem até da ignorância dos que são sábios... 

Os poetas retornarão ,  pela Filosofia ,  pelos Mestres ...  Dias virão que os músicos cantarão novamente o céu e os arquitetos deslumbrarão o magnífico , nos ambientes,  apontando seus cumes para a imensidão , valorizando espaços positivos e negativos. Dias voltarão em que os discípulos serão discípulos  novamente e , por causa disto , algum dia , quiçá Mestres ... 

Em local onde todos parecem saber tudo e opinam sobre tudo, com aparente maestria, denota que suas verdades foram descobertas , bem encobertas com falares sem dizeres, sem conteúdo , sem  nada sobre a Verdade que somente é procurada por Mestres. Época de diálogos com Mestres virá novamente... 

A maior verdade constatável e que se obtém , depois de inúmeros diálogos: descobrir o que não é a Verdade, o que já é um grande caminho que se abre para ela ... A eliminação das conclusões ridículas é um crescimento que faz evoluir , porque quem para numa conclusão fica estagnado e ficará com ela até começar a caminhar novamente... 

Um novo Renascimento virá , valorizando os clássicos de todas as eras , reestruturando o significado de moderno que ficou muito ultrapassado pelas mazelas criadas pelos abusos ... 

Abraços do CORUJAJF

João Carlos de Souza Lima Figueiredo 

Juiz de Fora, 04 de janeiro de 2018